Enquanto andei a pensar sobre o caminho a dar a este artigo, ocorreu-me muitas vezes uma prova de ultra trail realizada em sprints de 100 metros.
Até me arrisco a partilhar a nota que criei para isto:
Vou escrever mais sobre as etapas do caminho para chegar lá, sem nunca chegar lá, porque não se chega lá, mas queremos muito chegar lá.
Porque é assim que vemos a Sustentabilidade Digital, como um propósito, mais do que uma meta ou um fim.
Nem sequer lhe chamo objetivo.
É mais um desígnio, que orienta o nosso trabalho enquanto designers e que se mete em todas as fases do trabalho, e que bem resolvidas, contribuem para a sustentabilidade final.
Todos os detalhes contam
Muito antes de chegarmos às questões visuais, que é onde muitas vezes se coloca o foco da sustentabilidade digital, temos que olhar para todos os elementos da estrutura digital:
Na clara definição de objetivos de negócio e de personas, na verdadeira adequação da arquitetura de informação, no trabalho de planeamento dessa estrutura e na relação dos conteúdos para uma boa experiência do utilizador, na convergência com as regras de indexação (SEO) e de acessibilidade, que finalmente resultam num interface visual e no desenvolvimento do código, sobre uma determinada tecnologia e na otimização constante, evolutiva e correctiva dos conteúdos e dos elementos multimédia.
Ufa? Sim, ufa. Tudo isto e muito mais. Mas vamos por partes.
Arquitetura de Informação: mais do que menus de navegação
Não se trata apenas de bons menus de navegação, mas de compreender também a pertinência dos conteúdos, a relação com outros conteúdos, a relevância para as diversas personas e pensar de que forma conseguimos servir várias sem complicar a estrutura.
É pensar em optimizar processos, para que sejam mais simples e demorem menos tempo.
Uma estrutura clara e simples facilita a descoberta, a leitura e a concretização de ações, ajudando o utilizador a encontrar rapidamente o que procura e, ao mesmo tempo, a explorar conteúdos ou funcionalidades que podem surpreendê-lo.
Menos tempo é mais sustentável. Ao mesmo tempo, é mais satisfação com a interação e com a marca por detrás da experiência.
SEO: resultados orgânicos para a vida
Uma das coisas que mais adoro no nosso trabalho é a forma como tudo se encadeia e ganha vida quando se começam a juntar.
Claro que quando se pensa na arquitetura de informação já estamos a pensar nas intenções da indexação, porque ter um site que lhes responde de forma efetiva, é meio caminho para ser encontrado de forma orgânica.
E reforçando um outro princípio da nossa atuação, orgânico é, a médio e longo prazo, mais sustentável na captação de visitas.
UX Design: o que dá corpo
A experiência do utilizador não se concretiza apenas no design do interface visual.
Ela deve incluir o fluxo natural dos utilizadores, as descrições que damos às ações, os caminhos mais simples e rápidos para se chegar a qualquer lado ou para se concretizar a ação.
Quanto mais simples, mais rápido. Quanto mais rápido, mais sustentável. E já falámos da satisfação do utilizador que traz benefícios à marca? 🙂
Tecnologia, código, performance, escalabilidade
Escolher bem a tecnologia de suporte ao nosso produto digital, gerar código limpo e otimizado, deixar a porta aberta a evoluções e ao crescimento de novas áreas de conteúdo, e com tudo isto, ter um tempo de carregamento reduzido, é sustentável.
No caso dum site, a boa performance no carregamento e na navegação, reforçam os sinais positivos junto dos motores de pesquisa, e já agora, das plataformas de AI a quem perguntamos tudo e mais alguma coisa.
Logo… já estamos a encaixar peças e a criar sinergias. Isso também é sustentabilidade digital.
Alojamento Verde
E no final, depois de tantos cuidados, convêm que se escolham plataformas de alojamento que já usem energias renováveis e que apliquem outras medidas de minimização dos seus impactos ambientais.
Mas lá está, se o nosso site ou aplicação estiverem brutalmente optimizados, vamos ajudar a que os alojamentos necessitem de menos consumo de energia, mesmo que renovável, de menos água para arrefecimento, de menos máquinas para armazenar mais informação.
Otimização de Conteúdos
Ah, e chegamos finalmente ao maior pecado do digital: o peso dos conteúdos, especialmente imagens e vídeos.
É claro que queremos usar imagens e vídeos e áudios e toda a espécie de interação. Mas temos que ter a responsabilidade de optimizar todos esses elementos para o menor peso possível com a mesma qualidade percebida.
Há novos formatos de imagem, há plataformas dedicadas a hospedar vídeo e áudio, de forma dedicada, há que procurar a melhor solução.
Integração, sinergias e colaboração: outra forma de dizer Sustentabilidade Digital
Voltamos ao propósito, ao desígnio, à filosofia de trabalho.
Assumimos o compromisso da sustentabilidade digital em cada projeto. Procuramos que cada peça contribua para a peça seguinte e no fim todas contribuam para o mesmo fim.
Falar de sustentabilidade é também falar de equilíbrio entre todos estes elementos e um outro que é critico. Se gostamos da Low Tech Magazine pelos seus princípios, sabemos que não é isso que os utilizadores desejam, logo… 🙂
Exige também uma avaliação constante, porque tudo evolui, as regras mudam, o mercado altera-se, os utilizadores crescem, e o trabalho sobre as plataformas digitais é uma constante, em todos os pontos.
Se deixarmos de dar atenção a uma delas, mais tarde ou mais cedo prejudicamos a sustentabilidade.
Afinal, falar de sustentabilidade é falar em ecossistemas, e o digital é um ecossistema, vivo, pulsante e em constante mutação.
Se quiserem trocar dois dedos de conversa sobre isto… andamos por aqui, sempre disponíveis para um café com vinil. 😉

Antes de ir embora… adoro as folhas da Calathea Musaica Network… as coisas nunca estão muito distantes pois não? 🙂