Algumas Ideias para a Comunicação em Situações de Emergência

Depois do apagão recente que nos deixou às "escuras", em todos os sentidos, queremos deixar algumas ideias para a comunicação em modo quase offline.

Depois da experiência de quase 12h sem luz, internet e consequentemente, informação fidedigna e em tempo real que nos ajudasse a saber o que fazer, temos algumas ideias para a comunicação em situações de emergência.

Estas são só ideias iniciais, estão abertas a discussão e partilha. e se tiverem outras, partilhem por favor.

Acima de tudo acredito que com a tecnologia que temos disponível hoje em dia, e recorrendo a tecnologia que muitas vezes consideramos “obsoleta” ou antiga, se podem criar soluções para que num próximo cenário de disrupção, não voltemos a ficar “às escuras” em todos os sentidos da expressão.

Afinal, ninguém matou o Rádio

Longe de ser engenheiro de transmissões, mas a rádio é o meio mais simples de manter ativo e cuja recepção precisa de muito pouco. Um receptor, um par de pilhas.

Claro que muito poucos eram donos de um velho transistor funcional, mas a ausência de electricidade levou a uma procura absurda por estes aparelhos.

Primeira ideia

Postes de difusão de rádio em pontos críticos de cada localidade.

Se já existem pontos de encontro para situações de catástrofe natural, já temos os sítios certos. Imaginem que basta criar uma pequena estrutura, alimentada a energia solar, com baterias, equipado com colunas de som e um transistor.

Em situações de emergência, este ponto é ativado e passa a emitir uma estação de rádio definida para estas situações.

Entre informações concretas, objetivas e fidedignas, ou temos silêncio, o que pode ser bastante agradável, ou temos música tranquila, que ajude a reduzir estados de ansiedade.

Segunda ideia

Uma rádio nacional pública, passa a ter emissão continua com mensagens da proteção civil, enquanto orgão coordenador das operações.

Seria a forma de ter a comunicação oficial sem interrupções, comentários ou entrevistas que muitas vezes apenas criaram mais ruído e ansiedade, em vez de ajudarem a perceber o que se estava a passar e como podíamos reagir.

O Digital Signage também serve para emergências

Rede de ecrãs de tinta digital, instalados no mesmo ponto da difusão de rádio e outros.

Estes ecrãs, que são uma espécie de leitor de ebook mas maior, são alimentados a bateria e como são de tinta digital, têm um consumo muito baixo.

Alguns modelos aguentam até 30 dias de funcionamento continuo com uma carga.

Depois bastava ter um pequeno RaspberryPi, ou semelhante, que recebesse informação via SMS, por exemplo, ou via um HTML bastante básico, e onde eram difundidas as mesmas informações que iam para a rádio.

Desta forma a informação fica sempre presente e torna-se acessível à população surda.

Fora das situações de emergência podem ser usados para outro tipo de informação pública, na alçada das juntas de freguesia.

HTML Básico ainda serve para comunicar

Sites alternativos do IPMA e da Proteção Civil, em formato HTML básico, que apresentam as informações apenas em formato de texto.

Ou pode ser criado um site, do género dos sites das app’s que mostram o estado dos serviços, que vai comunicando as mesmas informações, mas só em formato de texto.

Sendo um HTML básico, precisa de de pouca rede para ser acedido e lido. Não gasta muita bateria dos dispositivos que usarmos para aceder, e pode ser mantido em servidores distribuídos por vários pontos, para criar redundância da informação.

Podem depois ser usados para alimentar outros canais, como por exemplo a rede de ecrãs de tinta digital, ou ser ainda transformado num link de informação estruturada, tipo RSS ou XML, que as televisões podem usar para passar no rodapé das suas emissões.

Telemóvel menos smart mas mais útil

Manter a rede GSM sempre ativa para a difusão de SMSs.

No meio de tudo, era só o que faltava para nos sentirmos menos desligados e mais próximos. E mesmo para reduzir as ansiedades da ausência.

Onde estão os meus filhos? E os meus pais estão bem? Vens a caminho? Estou no ponto de encontro.

Comunicação em situações de emergência: coerente e sem rodeios

Não é bem uma ideia. É um pedido e uma necessidade.

Que a comunicação de emergência deixe de nos tratar como crianças, escondendo coisas, ou como jurídicos, adicionando layers de complexidade na leitura que afinal não dizem nada e só baralham e acrescentam ruído.

Queremos que a comunicação de emergência seja simples, clara, objetiva e assertiva. Porque é isso, por mais nua e crua que seja a verdade, que nos deixa descansados e a saber como reagir.

Outras ideias?

Se tiverem não hesitem. Partilhem, comentem e falamos. Adoramos brainstorms. 🙂

Photo by Mohammad Amin Javid on Unsplash
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