Numa era de bots, de chats e de outras inteligências artificiais: quais as consequências desta humanização no pensamento estratégico de uma marca? Qual o papel da cultura digital nesta (con)vivência entre marcas e pessoas?
Inteligências humanas e artificiais
No smartphone fazemos perguntas à Siri, sempre disposta a ajudar-nos. Na televisão já vimos a Sophia the Robot a contracenar com a inteligência humana e a perder pontos. O chat GPT responde às perguntas e até comete erros (humm, será humano?).
Nas conferências de tecnologia e de marketing digital, nos summits da vida, o que mais se ouve são coisas como “as marcas têm que se humanizar” ou “as marcas têm que falar para as pessoas”. Como se fossem pessoas.
Sem rodeios, vamos assumir que as marcas são pessoas. Sentem coisas, pensam, inovam, erram, pedem desculpas, pedem ajuda aos outros, encaram os concorrentes com respeito, assumem valores e colocam-nos em prática. As pessoas comunicam com as pessoas, olho no olho.
A leitura do livro Marketing 4.0, de Philip Kotler, Iwan Setiawan e Hermawan Kartajaya permitiu saber mais sobre aquilo a que os autores chamam de Human Centric Marketing.
Escuta e empatia
No mundo digital as marcas vão diferenciar-se pela postura humana que assumirem. Só assim conquistam um lugar ao sol e a atenção do humano que, do lado de lá, recebe tanta informação, demasiada, a cada minuto que passa.
Crescem os movimentos de slow content e de slow journalism que traduzem a exigência pela qualidade e que contrariam a pressa de dizer ou publicar, bem como a lógica da quantidade (que tantas vezes asfixia a qualidade).
As marcas devem assumir a prática constante de ouvir o que dizem a seu respeito. Neste ponto, as plataformas de social media revelam-se um recurso importante. Criam-se oportunidades para ajudar quem precisa, para ouvir ideias e, até, gerir reclamações.
A empatia acontece, bem como a humildade para ouvir que talvez a nossa marca não seja assim tão fantástica como pensamos. E se isto acontecer, o que fazemos? Voltamos a pensar na marca e a definir a estratégia. Simples assim.
Relações, confiança e diferenciação
A pressa é inimiga da perfeição – e da relação de confiança. Para que as pessoas confiem na sua marca é preciso dar, antes de tudo. Damos, apoiamos, ajudamos, ouvimos, pois é assumido que estamos presentes aos outros com essa missão.
Evitamos o comportamento intrusivo e procuramos a medida certa que cativa quem nos lê, quem vê os nossos vídeos ou as instagram stories. Evitamos os esquemas menos claros e assumimos que não temos pressa.
Não há receitas que funcionem com cada um de vós, pois certamente aquilo que têm para dar (conteúdo) será único, assim como o contexto. E se não for, malta, pensem duas vezes antes de publicar ou de agir: estamos cansados do “mais do mesmo”, não estamos?
Joana Rita, The Fab Four
Diferenciamo-nos, pois partilhamos a nossa paixão, a nossa vontade em inovar, assumindo os erros que certamente farão parte do processo. Para dizer mais do mesmo, mais vale não dizer nada. Contamos histórias, sem precisar de as gritar:
É absolutamente assustador a cacofonia das marcas, empresariais e pessoais, que concorrem no mesmo minuto em vários meios pela nossa atenção e já nem estou a colocar em foco a questão pouco sustentável para a vida planetária da quantidade de servidores necessário e do seu crescimento exponencial (esse é outro tema, que merece reflexão mas que não cabe para já neste artigo), mas apenas quantificar a gritaria que faz com que a nossa atenção se disperse no loop de mensagens, sem nos focarmos realmente em algo que “nos acrescente”.
Sandra Estevam, Slow Content e o Assumir do Caminho
A ActiveMedia está deste lado para o/a ajudar a traçar o caminho para a sua marca. Nesta casa pratica-se o modelo de trabalho “fato à medida”, pois não há uma receita única para todas as marcas. O Jorge Oliveira está disponível para agendar uma reunião consigo.
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