Teletrabalho & #covid19: ready, set, go
Continuamos imersos no contexto de confinamento e por isso mesmo o tópico de hoje é o trabalho e o teletrabalho.
Este artigo está a ser redigido no final de Fevereiro de 2021 e a previsão é de que o confinamento continue durante e avance pelo mês de Março adentro, em Portugal. Com o confinamento segue a regra de obrigatoriedade de teletrabalho – sempre que a função desempenhada pelo colaborador assim o permita.
Desde Março de 2020 que a equipa ActiveMedia se encontra a trabalhar a partir de suas casas. Apenas o Jorge Oliveira se mantém pelo escritório, para assegurar o bom funcionamento de certos e determinados equipamentos que são fundamentais.
A ActiveMedia estava preparada para o teletrabalho?
Sinto que sem querer já estávamos mas não deixou de ser um desafio: reorganizar, criar outras rotinas e pontos de contacto, não perder o contacto, não perder o rumo. Já confiávamos na equipa para ser autónoma nas suas tarefas, isso ajudou, mas foi um desafio. (Jorge Oliveira, o CEO)
Sim. Já tínhamos, pela própria natureza do nosso trabalho, que é fundamentalmente digital e pela força de trabalharmos muito com freelancers, muitos processos que permitiram facilmente adaptarmos a trabalhar fisicamente distantes uns dos outros. (Sandra Estevam, Chief Optimistic Officer)
Em entrevista ao podcast LabCom, o Jorge Oliveira fala da adaptação ao 100% remoto e da falta que faz a presença em equipa para os momentos de chuva de ideias, de bater bolas ou até só para dizer um ou outro disparate no meio da To Do List.
O escritório em casa
O teletrabalho não se limita a levar um computador para casa “e já está”. Há elementos que fazem parte da vida do escritório e que vamos querer (ou precisar) reproduzir em casa:
Assim, que percebi que não seria um confinamento só de alguns dias, fui recolher algum equipamento que julguei essencial: cadeira, segundo monitor, cabos e adaptadores para conseguir replicar o meu ambiente de trabalho. Umas semanas mais tarde, fui buscar a minha secretária, para montar um local de trabalho mais fixo em casa. (Sandra Estevam, Chief Optimistic Officer)
Trouxe o guia da Pantone. Embora trabalhemos muito em digital, existem algumas coisas que temos que continuar a consultar fisicamente. (Gonçalo Gonçalves, Designer)
Num dos episódios do podcast Casa Trabalho Casa a Ana Relvas e a Rute Brito partilham algumas sugestões para adaptar a casa à vida de escritório. Num outro episódio fala-se do teletrabalho a partir do ponto de vista da empresa e tem algumas sugestões úteis para as empresas:
O trabalho remoto pode trazer resultados tão bons ou melhores que o modelo de escritório tradicional, mas implica um compromisso com a mudança de paradigma. (Podcast Casa Trabalho Casa)
Um dos pontos que gostaria de salientar na partilha da Ana e da Rute é a preparação da empresa no que diz respeito à documentação e gestão de processos. Não havendo a presença e a conversa informal para gerir a forma como se faz a tarefa X ou Y, é importante haver essa documentação e que esteja acessível aos elementos das equipas. Igualmente importante é desenvolver esforços no sentido da prática de uma comunicação clara e assertiva, que dê segurança às pessoas no entendimento e desenvolvimento das suas tarefas.
Nem tudo é desculpa para fazer uma reunião via zoom ou google meet; é importante não abusar deste meio que suga energia, exige reorganização de tarefas e disponibilidade total para ver e ouvir. Seja no escritório, seja em teletrabalho temos de continuar a perguntar e avaliar: será que essa reunião pode ser um e-mail?
Sendo praticante do teletrabalho há já alguns anos, gostaria de solicitar a quem teve o primeiro contacto com esta forma de trabalhar para não se precipitar na avaliação que faz da experiência. Teria sido muito diferente se tivesse havido uma transição suave para o teletrabalho, preparando um espaço em casa para o efeito, experimentando uns dias em casa e outros em escritório – e sem ter de lidar com o ensino à distância das crianças e dos jovens, no caso das famílias:
(…) temos de compreender que este teletrabalho tem condições muito especiais. Teletrabalho em confinamento é uma carga pesada que causa algum cansaço, pelo facto de não existir a parte social de forma nenhuma (nem com colegas, nem amigos, ou familia). Julgo que essa variável per se condiciona o estado emocional e mental de todos e a nossa relação com o teletrabalho. (Rita Franco – Project Manager)
Tal como na vida de trabalho no escritório, há vantagens e desvantagens.
As vantagens do teletrabalho
Que outras vantagens são apontadas pela #TeamActiveMediaPT para o teletrabalho? “Não haver perda de tempo em deslocação para o trabalho e para casa”, diz o Paulo Henriques (Frontend Web Developer). A Rita Franco (Project Manager) elege como vantagens “dar mais apoio à familia, redução de despesas, poder controlar os horários de trabalho.”
Poder trabalhar onde eu quero, em qualquer parte do país! Sobretudo no verão, é tão bom acabar o dia e apanhar sol e ar puro do campo. Até me sinto mais inspirada! (Rita Silva, Motion Designer)
Não posso concordar mais com a Rita. Estou em teletrabalho desde 2013/2014 e o facto de viver numa aldeia permite este respirar o ar puro do campo e ter pausas para caminhadas. O trânsito é praticamente inexistente, a não ser quando os rebanhos de ovelhas invadem a estrada ou os caminhos. Há outras coisas simples que são preciosas no teletrabalho:
Comer comida aquecida no fogão, estar mais perto da família, poder gerir o tempo de forma a responder às tarefas que temos de cumprir. (Rita Cabecinhas, Designer)
A gestão do tempo é uma tarefa difícil em contexto de teletrabalho. Se a indicamos como uma vantagem, note-se que está sempre ali à beirinha de ser uma desvantagem, caso não trabalhemos no sentido de colocar limites no tempo que passamos em frente ao computador para trabalhar.
As desvantagens do teletrabalho
O que tem a #TeamActiveMediaPT a dizer sobre as desvantagens do teletrabalho?
O trabalho que parece ter deixado de ter um horário fixo. No início da pandemia, os clientes achavam que era normal fazer pedidos no horário pós laboral e fins de semana. É algo que tenho estado a melhorar e a gerir melhor. A falta da socialização com os colegas é também uma desvantagem. (Rita Franco – Project manager)
Estar longe dos colegas. É muito mais fácil partilhar ideias e ajudar no escritório. E em casa, sozinha, por vezes torna-se um pouco monótono o dia-a-dia. (Rita Silva, Motion Designer)
As pessoas fazem-nos falta – e não é só no trabalho, neste contexto de confinamento. A verdade é que passamos muitas horas com os colegas de trabalho e há laços que se criam, há private jokes que se dizem, há comunicação e relação que se constrói sem dizer uma única palavra. Os zooms da vida ajudam, dão colorido – MAS sentimos falta das pessoas e do “carnaval” que é o trabalho em equipa, no mesmo espaço físico:
Penso que o meu descontentamento com o trabalho remoto, nos últimos meses principalmente, se prende mais com o facto de ser inverno e de haver também um confinamento mais restrito e não diretamente com o trabalho em si…. no entanto tenho muitas, muitas saudades de “estar” com os meus colegas, das conversas à hora do café, das discussões acesas… acontece tudo na mesma no slack ou às vezes no zoom, mas não é a mesma coisa. (Sandra Estevam, Chief Optimistic Officer)
Teletrabalho a 100%? Ou modelos híbridos?
Não escolheria a 100%. É possível na função que desempenho, mas acho importante reuniões semanais/mensais presenciais para partilhar ideias com colegas. (Rita Cabecinhas, Designer)
O “onde” e “como” do trabalho mudará para se tornar um modelo híbrido. Muitos funcionários não precisarão mais ficar no escritório 100% do tempo. Na verdade, alguns podem nem ser obrigados a ir ao seu antigo local. (Forbes)
De acordo com o inquérito feito sobre perspetivas acerca de novas formas de trabalhar, 47% dos CTO acredita que o modelo de trabalho de futuro passará por uma lógica híbrida. Por outro lado, mais de 3 em cada 10 responsáveis por tecnologia (32% dos inquiridos) acredita que os próximos tempos serão “remote first”, lógica segundo a qual os escritórios existem mas é opcional trabalhar a partir deles. Por outro lado, 9% dos inquiridos assinala que o modelo de trabalho do futuro pós-pandemia passará por uma experiência 100% remota de trabalho. (ECO)
Teletrabalho e motivação das equipas

Sinto mais falta do convívio e da troca de ideias mais orgânica, sem hora marcada e do disparate instantâneo, do que propriamente do trabalhar ao mesmo tempo no mesmo espaço todos os dias. (Jorge Oliveira, o CEO)
Como manter a ligação entre as equipas? Como manter o espírito de equipa? Eis um grande desafio. Num artigo publicado na TEK SAPO e assinado pela Patrícia Café são partilhados casos de empresas ligadas ao sector tecnológico:
Desde sempre apostada em criar espaços físicos para trabalhar de forma mais descontraída e dinâmica, a Glintt também considera que a atualidade obriga a uma maior criatividade. “As ferramentas digitais ganharam um maior poder e usufruto. Entre reuniões de equipa e pontos de situação, o telemóvel já não é tão usado como antigamente. A passagem de briefings e até por vezes uma call mais rápida acontece via Teams, aproveitando para nos vermos e “beber um café’, aponta Inês Pinto. Esta “manutenção criativa e assertiva do relacionamento entre todos os “glintters”, é fundamental para que a cultura da empresa permaneça, refere a RH Business Partner da Glintt.
A disponibilização de ferramentas de apoio aos colaboradores tem vindo a ser prática comum nalgumas empresas. Leia-se nesse artigo a partilha de Teresa Lopes Gândara, Human Capital Director da Noesis:
Foi criada uma newsletter específica para estes períodos de maior isolamento, a #StayConnected, e lançados workshops online, apresentados pelos colaboradores, que, “desde o primeiro momento”, se mostraram disponíveis para partilhar algumas das atividades que realizam depois do trabalho.
De forma a proporcionar ferramentas para lidar com a vida em teletrabalho em contexto de pandemia e confinamento, algumas empresas têm proporcionado workshops de alimentação saudável, aulas de yoga, sessões de mindfulness, encontros com personalidades alheias à empresa, aulas com personal trainer.
A reinvenção das festas de Natal e de outros momentos importantes na cultura empresarial também constituíram um desafio para que as equipas possam estar juntas, ainda que fisicamente distantes.
Neste momento, a realidade obriga-nos a abraçar esta flexibilidade, seja de localização seja de tempos de trabalho, e o segredo vai passar por conseguir o equilíbrio perfeito entre disponibilidade, flexibilidade, conciliação e relacionamento. (Marta Vilar, Head of Talent Development/ People Strategy & Culture Team da GMV)
Nesta fase não temos grandes hipóteses ou alternativas: por questões de saúde pública há regras que temos de cumprir. Quando for possível escolher, o modelo híbrido, mais flexível, poderá ser experimentado com outro ânimo e energia. Até lá, que a saúde nos acompanhe!
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